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Existem Erros na Bíblia?

-> Apresentação e Índice
Aí aparece o cético apontando algum erro que encontrou na Bíblia e afirmando que isso destrói totalmente a fé cristã. Tal cético está com a razão? Existem erros na Bíblia? Se existirem, o que isso significa? Leia o breve estudo que segue e tire as suas próprias conclusões.

Se a Bíblia provém de Deus, como pode conter erros? Para tal, precisamos analisar duas esferas: a da mensagem principal, que provém da intervenção do próprio Deus e se insere no fundamento do texto, e a forma do texto, produto do homem, de sua cultura, de seu conhecimento, de suas limitações e, por fim, das cópias ao longo dos anos. A Bíblia continua eficaz quando encontramos erros somente no aspecto superficial, de modo que a mensagem principal permanece intocada – e consolidada na sociedade Ocidental de tal modo que se pode reconhecê-la independentemente de um erro de tradução atual.

             Alguns erros comuns:
-Divergências numéricas: os números são mais simbólicos do que literais para os judeus, portanto, algumas variações numéricas sobre o mesmo evento em livros diferentes da Bíblia podem ter raiz nisso –ou, diante de grandes números, tratarem-se de especulações, pois não se podia, por exemplo, saber o número exato de soldados no exército inimigo. Outra possibilidade está no esquecimento de um “zero” ou algo assim da parte do copista. A divergência mais famosa está entre 1 Samuel 8:4 e 1 Crônicas 18:4 –no primeiro Davi matou 700, noutro, 7000.
-Divergências de perspectiva: trata-se da variação do relato sobre o mesmo evento da parte de autores diferentes, como o batismo de Cristo, narrado com divergências entre os Evangelhos, dando ares de contradição, porém, quando isso acontece, precisamos notar que cada autor presenciou e refletiu sobre o evento de uma perspectiva diferente, preferindo ressaltar pontos específicos. Se juntarmos todas as diferentes perspectivas, não teremos contradição, mas verdades que se complementam.
-Contradição em relatos: nesse caso não se trata de mera divergência de perspectiva, mas, sim, de descarada e incompatível discrepância entre relatos do mesmo evento. Um desses casos se lê nos textos de 1 Samuel 31:4 e 2 Samuel 1:4-10: no primeiro relato vemos Saul cometendo suicídio, mas, no segundo, um ganancioso indivíduo aparece afirmando para Davi que ele foi quem matou Saul. A interpretação mais sóbria sobre esse texto está em entender a veracidade do primeiro e um comportamento mentiroso no segundo.
-Diferenças textuais: acontece quando vemos, por exemplo, Jesus falando “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”, em Mateus 5:6, e “Bem-aventurados vós, que agora tendes fome”, em Lucas 6:21. A verdade é que o relato depende do ponto de vista do autor, baseado em suas lembranças, seu entendimento, os documentos utilizados como fonte ou o testemunho oral de quem vivenciou o ocorrido, importando que a mensagem central se preservou –o relato oral é variável, assim como o texto escrito, valendo lembrar, segundo a biografia de Cristo, de Christiane Rancé, que a tradição oral, advinda de antes da formulação do Cânon, procurava divulgar e preservar com exatidão as palavras originais de Cristo.

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