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Os Mais Antigos Testemunhos da Divindade de Cristo

Algumas das mais mirabolantes teorias (quase conspiratórias) sobre Cristo é a que afirma que o Império Romano, na pessoa de Constantino, foi o responsável por inventar Jesus ou, pelo menos, cobrir uma obscura figura histórica de mitos favoráveis ao imperador, estando a divindade de Cristo entre eles. Tal teoria sugere que os cristãos não tinham Jesus como Deus antes de Constantino, sendo este mais um famoso curandeiro e sábio cínico. Sobre as suposições anti-históricas de que Cristo foi apenas um sábio ou curandeiro, falarei noutro artigo, cabendo aqui apenas mostrar que havia uma crença na divindade do Messias anterior ao Credo Niceno, de 325 d.C.

1 – A datação dos Evangelhos:
Gary Habermas, J. P. Moreland e Craig Bloomberg, um grupo de apologistas modernos letrados e assertivos, nos oferecem satisfatórias evidências de que os Evangelhos, especialmente os sinóticos, tenham sido escritos, no máximo, até 60 d.C. Para tal, eles apresentam uma tripla omissão que é verificável em todos os livros do Novo Testamento: Atos não menciona a destruição de Jerusalém (70 d.C.), a perseguição de Nero aos cristãos após o grande incêndio de Roma (64 d.C.) e o martírio de Pedro e Paulo (65 d.C. ou antes). Tais eventos foram da maior importância histórica para a Igreja Primitiva – a profética destruição da cidade onde Cristo foi crucificado, estimulando o espalhar dos cristãos e uma maior cisão entre o cristianismo e o judaísmo, a ferrenha perseguição de Nero e a morte dos principais líderes do período necessariamente apareceriam em Atos dos Apóstolos, caso este documento tivesse sido redigido posteriormente. Como Lucas e Atos configuram um único registro disposto em ordem, o Evangelho de Lucas teve que ser escrito antes de Atos – o segundo foi escrito em 64 ou até 62 d.C. e o primeiro, provavelmente, em 60 d.C.

É sabido que o Evangelho de Marcos serviu de fonte para Lucas e isso torna provável que tal documento tenha sido redigido em meados dos anos 50 d.C. – é certo que não foi escrito após 60 d.C. Marcos, cuja redação se deu entre 25 e 30 anos após a crucificação, surgiu, no máximo, uma geração depois dos eventos que descreve – centenas, ou milhares, de testemunhas da verdade dos fatos ocorridos na Palestina ainda estavam vivas para concordar com o texto em circulação ou, se fosse o caso, apontar seus erros. Nem os judeus da classe sacerdotal, muitos desejosos por acabar com a mensagem cristã, conseguiram apontar erros históricos em documentos como Marcos, sendo que eles também foram testemunhas. Como o povo de Jerusalém, que, por exemplo, viu a morte de Cristo e presenciou muitas de suas ações e mensagens, acreditaria num relato mentiroso escrito duas ou três décadas depois dos eventos? Os inimigos do cristianismo do período jamais questionaram a historicidade de Cristo, alegando que, na verdade, os milagres eram realizados por intervenções demoníacas – muitos nem questionam a ressurreição, sugerindo que a mesma se deu por encantamento.

2 – Uma Igreja incapaz de impor e censurar:
Sabemos que existia Igreja antes de Constantino e sabemos que essa Igreja acreditava em Cristo. Mas tal era uma Igreja relativamente pequena, principalmente nas primeiras décadas, e mais preocupada em sobreviver do que em se impor. Os cristãos não tinham força para disseminar pelo Império Romano uma mensagem inventada, forçando-o a aceitá-la – como alguns estudiosos afirmam sobre clérigos malévolos e sedentos por poder. Perseguida, dispersa e ameaçada, a Igreja não tinha poder para sustentar uma descarada mentira. Na verdade, os evangelistas nem poderiam sê-lo se tivessem sede de poder: as únicas coisas que os cristãos encontraram com a insistência em pregar Cristo e Sua divindade foram a tortura, a perseguição, diversas privações sociais e a própria morte. Geralmente as pessoas mentem quando desejam obter, com isso, algum privilégio: que benefício os primeiros cristãos encontraram? Que lucro teve Paulo, que jogou fora todo o seu prestígio na comunidade judaica, como aluno de Gamaliel e perseguidor dos cristãos, ao lançar-se nos braços de Cristo? A única coisa que encontrou foi uma morte, em semelhança com o que aconteceu com aquele sobre quem pregava. Paulo foi decapitado e todos os demais discípulos e apóstolos, com exceção de João, encontraram destino semelhante. 

3 – A veracidade da Mensagem:
Josh McDowell, Lee Strobel e outros apologistas argumentam que as provas apresentadas nos Evangelhos seriam aceitas em qualquer tribunal da Terra. Um dos pontos mais interessantes dessa argumentação está no fato de que temos testemunhas (os evangelistas) que corroboram umas com as outras, sugerindo a veracidade dos fatos relatados, mas que não são tão exatamente idênticas para sugerir uma conspiração. Pessoas diferentes escreveram coisas parecidas, mas em lugares distantes e momentos particulares – os apóstolos não se reuniram num comitê para, nalguns dias, produzirem um evangelho unificado. Como já falado, até os inimigos da fé acabaram contribuindo, já que não negam a ocorrência dos fatos da vida de Jesus, mas consideram-no blasfemo, insano ou possesso.

Qualquer sugestão de que os Evangelhos estão repletos de mitos formulados ao longo das gerações cai por terra quando concebemos que sua redação se deu até, no máximo, o ano 60 d.C., quando já estavam em circulação, pois uma geração entre o evento e a redação não é tempo suficiente para a inserção de conteúdos lendários. No mínimo três gerações são necessárias para que isso aconteça – podemos perceber isso com os relatos mais míticos dos apócrifos neotestamentários, escritos do Século II em diante.

A verdade é que os Evangelhos demonstram que brotado das penas de indivíduos sóbrios e antissensacionalistas – isso fica evidente quando o apóstolo João fez questão de desmentir um falso (lendário) rumor de que Jesus teria dito ao evangelista que ele não morreria até o Seu retorno (Jo 21:23). Os redatores do Novo Testamento se mantiveram fiéis a detalhes que só lhes trouxeram prejuízo ou que enfatizavam a resistência do povo e dos religiosos a Jesus. Fatos embaraçosos e até difíceis de explicar foram preservados.  

4 – As mais antigas declarações da divindade de Cristo:
As cartas de Paulo, muitas escritas antes dos Evangelhos, pelo menos dos sinóticos, já que ele morreu, no máximo, em 65 d.C., trazem fortíssimas declarações da divindade de Cristo, como Filipenses 2:5-11 e Colossenses 1:15-20. O detalhe mais espantoso desses trechos é que eles se parecem com antigos hinos da Igreja Primitiva, aprendidos por Paulo quando este visitou Jerusalém no final dos anos 30, menos de uma década depois da morte e ressurreição de Jesus. O prólogo poético de João também soa como um hino da Igreja Primitiva sobre a divindade de Cristo – Jo 1:1-5. Nem o maior dos profetas do Antigo Testamento é descrito nesses termos. Temos aqui um conjunto de declarações do Primeiro Século sobre o Messias como sendo o próprio Deus!

Além dessas passagens, também temos antigas declarações extra-bíblicas sobre a divindade de Cristo, como ocorre nas primeiras cartas de Clemente (96 d.C.) e Inácio (100 d.C.) e nos escritos de Justino e Irineu, no Segundo Século.

5 – O Concílio de Nicéia:
O Concílio de Nicéia, ocorrido em 325 d.C., atesta, de fato, a divindade de Cristo, mas o que ele fez não foi inovar, apenas confirmar um ensino ortodoxo de longa data. Era necessário emitir um credo oficial sobre a doutrina da Igreja, particularmente a doutrina da encarnação, já entendida pela maioria dos cristãos há muito tempo. Tal credo foi formulado também como resposta ao desenvolvimento de ensinos heréticos, especialmente aqueles que questionavam a humanidade ou a divindade de Jesus, como o arianismo, o gnosticismo e o docetismo.

Uma prova de que o Concílio de Nicéia, através do Credo Niceno, apenas tornou mais claro aquilo que os cristãos anteriores já concebiam, está no credo batismal de 150 d.C., que diz: "Creio em Deus, o Pai, e em Jesus Cristo, seu único filho, nosso Senhor, nascido do Espírito Santo e da virgem Maria, que foi crucificado sob Pôncio Pilatos e sepultado, ressuscitou no terceiro dia de entre os mortos, subiu aos céus, está assentado à direita do Pai, de onde virá para julgar os vivos e mortos; E no Espírito Santo, a santa Igreja, a remissão dos pecados, a ressurreição da carne."

Conclusão: é impossível que Cristo e o cristianismo tenham sido inventados pelos romanos depois de 70 d.C. ou depois de 325 d.C., já que temos diversas evidências sobre os cristãos e a vida de Cristo datadas até mesmo da década de Sua morte e ressurreição. Não havia força e nem motivação para que os cristãos mentissem e impusessem tal mentira. Também é impossível que a divindade de Jesus tenha sido inventada e forçada pelo Império Romano por advento do Concílio de Nicéia, uma vez que há fortíssimas declarações da divindade de Cristo já dos anos 30 d.C. e que o Concílio de Nicéia tenha sido conclamado apenas para oficializar um entendimento cristão anterior.

Uma palavrinha aos que sugerem que o cristianismo foi forjado pelos romanos depois de 70 d.C.: é impossível encontrar uma resposta para as menções aos cristãos e ao Messias de antes dessa data e não há como explicar os motivos que levaram o Império Romano a perseguir tão ferozmente a religião que eles mesmos inventaram. Por qual motivo o Imperador iria sugerir a criação de algo que feria a própria ideia que sustentava o seu trono, sobre o fato de ele, o dirigente de Roma, ser descendente dos filhos dos deuses e merecidamente digno de adoração? Tal sugestão seria absurda, pois, de fato, levou muitos cristãos a evitar o culto ao imperador, a negar o serviço militar e ao afastamento dos costumes romanos, sendo interpretados como inimigos do pensamento, da religião, da cultura e do Imperador romano. Apaziguar os judeus, sempre transtornados com o domínio romano da Palestina, através de uma mensagem de amor, também não parece válido: depois de 70 d.C. não havia motivo para ter nos judeus uma ameaça digna de tal maquinação que, no máximo, os manteria distantes do culto ao Imperador. Inventar e inserir o cristianismo na Palestina para suprimir pequenos distúrbios em cidades de fora da região também não me parece uma alegação satisfatória.

Fonte: Apologética Cristã Para o Século XXI, Louis Markos, Ph.D., Central Gospel, 2013, pgs 186-189 e 223-225; O Jesus Fabricado, Craig Evans, Cultura Cristã, 2009, pg 94; Mosaico Teológico, Rodrigo Bibo de Aquino, Alexander Stahlhoefer, Maurício Machado e Alexandre Milhoranza, BTbooks, 2013, pg 12

Natanael Pedro Castoldi

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