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A Igreja Católica, os Judeus e o Nazismo

Como foi possível que um papa que salvou centenas de milhares de judeus do Holocausto seja, atualmente, considerado "O Papa de Hitler"? Certamente houve uma grande desconstrução da realidade dos fatos! Analisemos como se deu essa meticulosa distorção da verdade:

A imagem do Papa Pio XII começou a mudar por advento de publicações soviéticas, com ênfase no jornal Pravda, que, em certa edição, afirmou que o pontífice "aceitou Hitler, mas também concordava com ele em tudo; o papa havia trabalhado secretamente para Mussolini". Nada mais conveniente para a URSS, que nutria conflitos tanto contra a Igreja Católica, quanto contra o nazismo. De modo menos alarmante, jornais e revistas ocidentais também questionaram o comportamento do papa em questão diante do nazismo, tido como "silencioso demais". Outros mecanismos de difamação foram utilizados, como o teatro e a publicação de livros - o mais prejudicial deles, de autoria do jornalista John Cornwell, lançado em 1999, foi o "Hitler's pope: The secret history os Pius XII", publicado no Brasil no ano 2000. Segundo a fonte consultada, o livro é bastante agressivo e possui pouco valor histórico, considerando que Cornwell acabou por desculpar-se pela obra em 2007, afirmando que a publicou sem ter consultado fontes suficientes. Aprofundemos.

O aparente silêncio papal encontra motivos no contexto: com a URSS aniquilando o catolicismo em seu território, os avanços do protestantismo noutras partes do mundo, a inimizade do Vaticano com vários políticos franceses, que décadas antes apoiaram a redução dos Estados Papais, reduzindo-os ao Estado do Vaticano, e o crescimento do Nazismo, a ICAR padecia de uma severa crise. Em circunstâncias assim, qualquer movimento descuidado, dadas as proporções da crise que a ICAR sofria, poderia custar um preço extremamente elevado - perceba que o Vaticano está ligeiramente próximo de onde Mussolini, aliado de Hitler, governava. Apesar disso, mesmo dando passos bastante cautelosos, o Vaticano sempre lutou contra o Nazismo. Analisemos como tal luta se desenvolveu:

O jornalista britânico, Gordon Thomas, que, como eu, é protestante, em seu livro" Os judeus do papa - O plano secreto do Vaticano para salvar os judeus das mãos dos nazistas", edit. Geração, levanta uma série de questões que, segundo ele, foram desconsideradas por outros pesquisadores: ele observa que, dos 44 discursos que Pio XII fez como núncio apostólico "e, portanto, na própria Alemanha", 40 denunciavam o Nazismo, além disso, após analisar cuidadosamente a vida de Eugênio Pacelli (Pio XII), constatou que ele aprendeu hebraico com amigos judeus de Roma e que tinha o costuma de jantar nos 'shabat' com esses colegas e estes, por sua vez, o acompanhavam na ceia de Natal.

No leito de morte de Pio XI, Pio XII recebeu a ordem de "continuar a defender os judeus", fazendo-o desde o seu primeiro discurso como papa, no qual claramente criticou a exaltação da raça ariana - "quem exalte a raça, o povo ou o Estado (...), elevando-os a um nível idolátrico, distorce e perverte uma ordem do mundo planejado e criado por Deus..." E na sua primeira encíclica, "Summi pontificatus", afirmou que "não há gentios nem judeus, circuncisão ou não-circuncisão". Mas a empreitada não ficou só no papel: judeus ganharam vistos da ICAR para diversos países - só na Alemanha, 200 mil judeus escaparam do Nazismo por intermédio da ICAR, que, além disso, ordenou que seus cardeais no país conseguissem certidões de nascimento para eles. Fazendo uso de mensagem telegráficas criptografadas, a ICAR alertou os judeus poloneses sobre a imediata invasão dos nazistas em seu país, orientando para que buscassem refúgios. Diversos judeus intelectuais do gueto de Roma passaram a trabalhar no Vaticano, evitando que fossem mortos. Pio XII também autorizou que a sua residência de verão, o Castelgandolfo, servisse de refúgio para os necessitados. A sua defesa dos judeus levou, inclusive, à formulação de uma missão de sequestro do pontífice da parte da SS nazista - a pressão foi tanta que espiões chegaram a entrar no Vaticano.

Terminada a Guerra, Pio XII recebeu 80 sobreviventes de vários campos de concentração, desejosos de agradecer aos esforços na luta contra o Holocausto. Além disso, o Congresso Sionista Mundial e diversas associações do mundo enviaram ofertas à ICAR como forma de agradecimento pelas ações durante  2ª Guerra Mundial. Isaac Herzog, rabino-mor de Jerusalém no período, escreveu que "o povo de Israel jamais esquecerá o que a Sua Santidade e seus ilustres delegados (...) estão fazendo em favor de nossos desafortunados irmãos e irmãs na hora mais trágica de nossa história."

Acredita-se que algo entorno de 800 mil judeus escaparam por advento das intervenções do Vaticano.
Fonte: Revista História Viva, Grandes Temas, Ed. Especial, nº 50, Segredos do Vaticano, pgs. 53-55, Mauro Trindade. Você pode ler mais sobre o tema no seguinte artigo do EOMEAB: "O Nazismo e a Igreja Católica".

Natanael Pedro Castoldi

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