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A Bíblia, o Mal e as Heresias - Respostas Sobre Versículos Estranhos

O meu primeiro blog, Um Mirante para Verstellen, realmente possui alguns textos relevantes para o EOMEAB, não havendo motivos, portanto, para evitar seu uso. Entre 2011 e 2012 eu escrevi três artigos dedicados ao interpretar correto de versículos da Palavra comumente mal usados como justificativas para as heresias que atualmente se alastram nos antros da Igreja ou, ainda, tidos para fundamentar o desprezo pelo cristianismo. Espero que o trabalho aqui divulgado de teja útil e esclarecedor. Tire as suas próprias conclusões.

Índice do que segue, em ordem:
1 - Sobre a Bíblia e o Mal:
- Deus e a destruição dos povos cananeus
- Leis difíceis de entender
- As ursas e a morte das crianças
- O Inferno
2 - A Bíblia e as heresias:
- O uso de objetos na Igreja
- A Teologia da Prosperidade
3 - A Bíblia e outras questões morais:
- O Deus que mata
- O machismo
- A escravidão
- Disciplina física nos filhos
- O homossexualismo
- Deus aceitou alguns pecados no Antigo Testamento?
- Contradições bíblicas
- Bíblia anticientífica
- Conclusão

1 - Sobre a Bíblia e o Mal:
Postagem "Incoerência", nO Mirante

A -Deus manda o povo de Israel, depois do Êxodo, destruir todas as cidades palestinas e matar todos os seus habitantes, sem exceções - Josué 6:21; Deuteronômio 13:12-17:
Antes de tudo, precisamos lembrar de um detalhe importantíssimo: nos tempos de Abraão, ainda no livro de Gênesis, Deus, mesmo tendo motivos para aniquilar a Palestina inteira, devido à depravação dos cananeus, reconheceu que a maldade local ainda não era grande o suficiente para receber tal juízo e, sabendo que os cananeus perverteriam-se ainda mais naturalmente, levou o povo de Israel, até como forma de protegê-lo da depravação local, à terra do Egito, afim de esperar o dia em que a transgressão palestina chegasse no nível digno de aniquilação total - Gênesis 15:13-16 -, isso implica no fato de que Deus não julga sem razão.

Outro ponto de importante relevância está na proteção da nação israelita, mantendo-a distante do paganismo que dominava o mundo inteiro, tirando de dentro de si toda a espécie de idolatria, todo o perigo potencial para a soberania de Deus e consequente risco para a consumação da história redentora - se Israel acabasse igual às demais nações, todo o projeto envolvendo O Messias poderia cair por terra e isso levaria todos os povos desse mundo à destruição eterna, então não restaria alternativa para Deus senão a de deixar o mundo definhar totalmente ou julgá-lo de modo derradeiro e sem esperança para ninguém, mas não, O Pai optou pelo juízo local como forma de evitar um juízo global, fazendo aniquilar as nações palestinas em prol da manutenção e continuidade da história da redenção e consequente salvação ao mundo inteiro - a Palestina, pela localização, clima e influência, tratava da faixa de terras melhor servida para que a vindoura estadia dO Messias em nosso meio surtisse o efeito esperado no mundo inteiro. O fato é que Israel desobedeceu a Deus e não destruiu as nações cananéias e seu paganismo, paganismo que, com o tempo, fora penetrando na cultura israelita e pervertendo lenta e profundamente o Povo Escolhido, chegando ao ápice da depravação hebréia, de que temos conhecimento no livro de Juízes - caos político e religioso em Israel. Deus tinha razão ao exigir medidas tão drásticas em prol de algo maior, já que a desobediência hebréia em relação a isso quase resultou no fim da história redentora - antes de influenciar positivamente o mundo, Israel tinha que purificar-se ou manter-se puro.

B -Leis difíceis de entender - Deuteronômio 21:18-21; Levítico 18:22, 21:5
A Bíblia, no Antigo Testamento, parece ordenar coisas estranhas, como matar filhos em demasia rebeldes, evitar o homossexualismo e o ato de se barbear, mas por que isso? Antes de o leitor se revoltar com a Palavra, precisa entender que o mundo veterotestamentário não se enquadra nos padrões de nosso mundo pós-moderno, logo, não podemos partir de nosso ponto de vista como fator determinante para se julgar algo consolidado há milênios. Quando entendemos isso, podemos, então, aprofundar o raciocínio: nenhuma Lei do Velha Aliança existiu por existir, resumindo-se no capricho de um Deus que quer apenas mandar e julgar, não! Toda a Lei era, antes de tudo, protetora, com alto grau de sanidade, afim de manter o povo israelita longe de doenças biológicas, livre de doenças morais e políticas e livre do paganismo das cercanias.

Entenda que num mundo sem O Messias, Deus precisava, em paralelo ao livre-arbítrio, construir um cenário propício para a Sua vinda, por isso medidas pesadas tiveram de ser tomadas, afim de, pela privação de uns, haver salvação para todos. Israel, como território e povo, era a peça-chave da revolução que O Pai desde a Queda planejara, portanto, para o bem do mundo, o Povo Escolhido sofreu um pouco mais - sofrimento construtivo, pois a Lei os manteve, pela dor, vivos. Uma dessas leis protetoras é a da primeira passagem acima: todo o filho rebelde, ao resistir continuamente à disciplina, deveria ser morto. Ora, essa lei se aplicava ao contexto histórico em que fora inserida, afim de manter Israel vívido, mas como? Evitando-se a rebeldia das novas gerações, o padrão moral divino inserido nas primeiras manter-se-ia parcialmente intacto, assim como a unidade política, religiosa e étnica. Isso é óbvio! Logo, tal medida era necessária em prol de um bem maior, principalmente quando levamos em conta dois fatores: servia mais como um símbolo do que uma máquina de matar, pois a sua simples existência evitava a necessidade vasta de sua aplicação, já que os filhos potencialmente rebeldes passavam a se conter e evitar a insurreição e, em segundo lugar, porque, com toda a nação conhecendo-a, aqueles que a desrespeitassem não seriam mortos diretamente pela Lei ou por Deus, mas estariam praticando uma espécie de suicídio, pois pediram para morrer de forma consciente e voluntária - como que pisando, de modo consciente, numa armadilha.

A lei da segunda passagem acima também tem aspectos protetores por dois motivos: procurava evitar que se inserisse em Israel uma prática comum entre os povos pagãos, principalmente se levarmos em conta que relações sexuais de todos os tipos eram vastamente praticadas como rituais religiosos que poderiam perverter a nação de Israel e, em segundo lugar, afim de abolir todo o potencial autodestrutivo do Povo Escolhido, pois é lógico que, numa nação largamente homossexual, a fidelidade conjugal e o amor pela prole seriam afetados, doenças venéreas se espalhariam e a natalidade diminuiria, fatores letais para uma nação pequena, além disso, há todo o aspecto profético: a descendência de Abraão seria herdeira da promessa messiânica e no contexto veterotestamentário isso significava, além de um nascimento espiritual, uma ligação genética com o Pai da Fé, coisa que mudou depois de Cristo. Essa lei, porém, ao contrário da anterior, foi reforçada no Novo Testamento, Romanos 1:26-27, por ser ato totalmente avesso ao plano original dO Criador e uma real ameaça à existência da família, com potencial poder destrutivo se levarmos em conta a quantidade de doenças que se propagam com tal ato e sua improdutividade reprodutiva, resultando antes em caos do que ordem. No final das contas, qualquer um que possua um bom conhecimento de psicologia e psiquiatria entende que, sendo o homossexualismo fruto de lares destruídos e disfuncionais ou traumas sexuais na infância, não vem como herança genética ou carregado de bondade em si, mas, sim, como resultado de distúrbios em mentes feridas - e é claro que não me esqueço de todo o aspecto espiritual envolvido nisso. Ora, se o homossexualismo não se origina da normalidade e ordem, obviamente não pode ser algo positivo -por isso deve ser tratado-, mas a diferença entre um mundo sem Jesus e o nosso mundo depois de Sua Primeira Vinda está no fato de que hoje devemos garantir a liberdade dos homens, pelo livre arbítrio, de serem como desejarem ser, julgando-se a si mesmos perante Deus.

A lei da terceira passagem também vem carregada do mesmo padrão da anterior: fica evidente no verso o aspecto pagão do ato de se barbear, que vem junto com o masoquismo ritual - isso no contexto histórico e geográfico em questão. Essa lei, portanto, vinha como mais um mecanismo protetor para Israel nas questões religiosas, mas, nitidamente, trabalhou na proteção da nação como etnia, pois a proibição do corte total das barbas promovia uma larga diferença física entre homens e mulheres e tal diferença física gerava uma identidade sexual específica, segundo a vontade original dO Criador e isso, por sua vez, cooperava na manutenção da integridade sexual de Israel, logo que as coisas não se mesclavam ou confundiam, mas estavam bem determinadas e separadas, o que certamente evitou o homossexualismo ou algum atentado ao patriarcalismo. Assim como em todas as leis, há uma verdade eterna que nos cabe e, nesse caso, fica nítido que a vontade de Deus está na distinção entre homem e mulher, o que, sem dúvidas, coopera com a vida e que, por estarmos lutando contra isso em nossos dias, vemos a morte de nossa humanidade - leia "Geração Emoção".

C -Aparente carnificina contra pessoas indefesas - II Reis 2:23-24
Eis um dos textos mais polêmicos do Antigo Testamento, mas somente o é se o interpretarmos segundo nosso ponto de vista pós-moderno. Em português lemos o termo "criancinhas", mas para os judeus tal termo não necessariamente se direciona literalmente à crianças, daqueles que designamos terem menos de 13 anos, até porque o indivíduo "criança" não era reconhecido pelos judeus, que tratavam os pequenos como mini-adultos. Para o judeu, qualquer um com menos de 30 anos podia ser chamado de "criança" e isso fica bem claro na oração de Salomão em I Reis 3:7 e mais claro ainda na vocação de Jeremias, em Jeremias 1:7. O julgamento divino do texto me parece ter, pelo menos, três explicações: Eliseu vivia em tempos onde os reis ainda eram maus, logo, padecia de perseguição, portanto, as "crianças" do texto poderiam se tratar de jovens, aos nossos olhos até mesmo adultos, armando uma perigosa cilada contra a pessoa do Profeta, leve em conta que se tratavam de dezenas de "rebeldes"; outro motivo pode estar no fato de que a desonra -pois ser "calvo" era motivo de menosprezo- ao Profeta do Senhor se tratava de uma desonra ao próprio Deus e a zombaria para com O Criador é passível de morte, ainda mais se levarmos em conta que as "criancinhas" faziam parte do Povo Escolhido, logo, estavam submetidas à Lei, que seus pais concordaram em obedecer; a terceira explicação está na demonstração do poder de Deus mediante uma nação profana. Entendo, ainda, mas tenho algum receio de considerar isso, que Eliseu pode ter usado mal o poder que Deus depositou nele. O fato é que tudo me leva a crer que a morte de 42 "criancinhas" não foi um mero ato de crueldade, mas, sim, de proteção ao Profeta e, logo, à toda nação de Israel, o que resulta na proteção de um mundo inteiro, que dependendo do Profeta e de Israel, pôde ser posterioemente presenteado com a vinda, morte e ressurreição dO Messias.

D -Deus mandou milhões para o Inferno durante os tempos do Antigo Testamento:
É isso que alegam os críticos, os céticos, quando citam o Dilúvio, a destruição da Torre de Babel, de Sodoma e Gomorra, as 10 Pragas do Egito e o afogamento dos exércitos do faraó, a aniquilação dos inimigos de Israel e os juízos sobre o próprio Povo Escolhido, esquecendo-se, primeiramente, que Deus não julga sem antes dar chances, levando Noé a alertar seus conterrâneos sobre a Inundação - 2 Pedro 2:5; Hebreus 11:7 -, planejando privar Sodoma e Gomorra se nela houvessem uns poucos justos - Gênesis 18:20-33 -, O Pai também não teria lançado as pragas mais violentas sobre o Egito se o faraó não tivesse endurecido o seu próprio coração por cinco vezes -Êxodo 7:14; Êx 7:22; Êx 8:19; Êx 9:7; Êx 9:35-, não teria desferido juízos sobre os oponentes do Povo Escolhido se tivessem ouvido as profecias e se arrependido, lembremos dos habitantes de Nínive que, ao ouvirem a ameaça pela boca de Jonas e se arrependerem, escaparam da morte - Jonas 1:2; Jn 3:2; Jn 4-10; Jn 4:2; Jn 6-11 - e lembremos que Deus só julgou a nação de Israel após incontáveis avisos e revisões da Lei, sempre dando-lhe novas chances de se redimir e prostrar diante dEle -Oséias. Deus é amor, Deus é justo, por isso procura a reconciliação antes da aniquilação e quando a reconciliação não é aceita, aniquila por amor ao mundo inteiro, enegrecido e pervertido pela transgressão de um determinado povo e nação. Por amor Deus limita o homem pelas regras, a prevenir doenças e rebeldia, a prevenir a autodestruição, e pelo juízo também demonstra tal amor, ao, pelo forte exemplo de uns poucos, mostrar ao mundo inteiro o Seu poder e a Sua vontade, que é a vida, pela morte de uns, como já disse, construiu o caminho para a vinda dO Messias, a salvar o mundo inteiro. Leve em conta que, dado o aviso, aquele que voluntariamente se mantém na maldade não é mais julgado pela vontade de Deus, mas julga-se a si mesmo por sua própria vontade - é quase como um suicida. Esse é o primeiro ponto a ser observado.

Podemos e devemos levar em conta ainda outro ponto: antes de Cristo não havia "Inferno" para os homens, segundo o que eu constatei nas leituras bíblicas. O que é chamado de Hades, ou Mundo dos Mortos, parecia mais um local para onde iam os que morriam sem o conhecimento dO Messias -que ainda não tinha sido apresentado ao mundo- para esperar a Sua vinda e poder, pelo livre arbítrio, optar de modo derradeiro por Ele ou não, quando Ele se apresentasse. Toda a humanidade que existira antes de Cristo ia parar nesse mesmo lugar, para "dormir" e esperar - Salmos 13:3 -, sejam pagãos, sejam Filhos da Promessa. Ainda não havia salvação eterna no Céu, pois o sacrifício de animais não era nada além de um ato simbólico e didático, já que nenhum animal era capaz de substituir a necessidade do sacrifício dO Messias - Hebreus 10:4 -, logo, sem Cristo, não pode haver salvação - João 14:6. Sem Jesus como opção, nenhum humano poderia ser condenado por negá-Lo ou salvo por aceitá-Lo, logo, todos aqueles que foram julgados por Deus no Antigo Testamento não foram diretamente enviados ao Inferno, mas, por não conhecerem O Messias, enviados a um lugar de espera para, posteriormente, terem uma segunda chance. Sendo assim, os juízos de Deus no AT não foram tão cruéis quanto parecem ter sido, pois não houve condenação eterna diretamente relacionada a eles. Tanto os que esperavam pelo Cristo desde o Gênesis 3:15, os que esperavam desde Abraão - Gênesis 12:1-3, 22:8 -, da Primeira Páscoa - Êxodo 12:1-7 - ou de Davi - 2 Samuel 7:8-17 -, quanto os que não esperavam, tiveram a chance de, recebendo a visita dO Próprio Messias no Hades, após o sacrifício na Cruz ter sido consumado, dizer-Lhe "sim ou não". Essa é a justiça, esse é o amor de Deus! Vide 1 Pedro 3:18-20; Salmos 16:8-11; Atos 2:31; João 5:25 e 28. A Bíblia também parece deixar claro que para alguns povos específicos, tamanha a sua abominação, a condenação eterna já estava reservada desde o juízo -Judas 7-, mas, de modo geral, parece-me plausível entender -segundo minha própria compreensão- que houve uma segunda chance para a maioria -esvaziando-se o Hades de imediato, indo os que negaram Cristo ao Inferno e os que O tiveram como salvador, ao Céu-, mas que agora, depois de Cristo, depois de Seu sacrifício e ressurreição, as portas do Inferno se abriram aos que, em vida, optam por não serem salvos pelo Filho e as portas do Céu estão abertas aos que, em vida, O aceitam - João 5:29. A peça central do Universo, O Unigênito Filho de Deus, está posta, a chance é HOJE. Apocalipse 1:18.

2 - A Bíblia e as heresias:
Postagem "Mitologia", dO Mirante

A -"Jesus usa de barro para curar, por isso objetos podem ser meios de aplicação do poder de Deus -João 9:6-7": 
Tal proposta não tem grande fundamento, mostrando-se mais um argumento desesperado para os que querem manter seu comodismo e secularismo, do que um posicionamento devidamente bíblico. Se você acha conclusivo tal trecho da Palavra, de Deus usando algo existente como ferramenta de cura, então explique a escassez de outros eventos desse tipo no Novo Testamento - há poucos, pois grande parte dos atos milagrosos de Jesus e dos apóstolos se consumaram de modo direto, sem a dependência da matéria, o que serve de padrão. Se Cristo não dependeu de matéria para curar outros cegos - Mateus 9:28-30 -, então Seu poder é suficiente para não depender, de modo algum, de nenhuma matéria para curar em qualquer circunstância e qualquer problema, por isso não se pode crer que o "lodo" foi essencial na cura, mas foi o meio utilizado para curar uma pessoa específica, segundo a lição que Cristo lhe queria ensinar e conforme o que havia em seu coração, também não se deve esquecer que O Criador é, evidentemente, criativo e independente, podendo agir de modo novo e diferente, segundo a Sua vontade, mas o meio utilizado nunca pode interferir na verdade de que O Criador, que fez tudo diretamente do Nada apenas com Seu poder, tem condições plenas de agir tremendamente sem nenhuma ponte física.

Repare, ainda, que o cego da passagem de João busca Cristo de mãos vazias, sem cobrar-Lhe ou orientar-Lhe sobre como o curar, apresentando-Lhe o lodo, não! Ele chegou-se ao Filho carregado apenas de fé, de plena certeza de que o poder e o amor de Cristo eram suficientes para a sua cura completa e, por isso, apenas por isso, foi curado, o lodo foi tido como iniciativa de Jesus que, com base na fé de antemão demonstrada pelo cego, decidiu aplicá-lo como método de cura. Em resumo: o cego apenas se curou em fé diante de Cristo pedindo-Lhe a cura, mas o método usado para curar, abençoar, não veio da iniciativa do cego, mas daquele que cura e abençoa, é Ele quem determina os meios para os fins, a nós cabe principiar e obedecer. A questão do lodo e da necessidade de lavar os olhos no Tanque de Siloé, no contexto, mais pareceu uma ferramenta didática para o curado do que um meio essencial para a cura: Jesus queria ensinar uma verdade prática para o cego, de que para ser "próspero" não basta simplesmente orar ao céu que as bênçãos caem como chuva, sem esforço, pelo contrário, é necessário ter a iniciativa e demandar esforço e tempo, pois o mecanismo pelo qual o cristianismo trabalha é projetado para, evitando o comodismo pelo conforto e facilidade, tornar os fiéis proativos e de caráter lapidado pelo serviço.

As "igrejas pseudo-cristãs" da atualidade, que utilizam do nome de Deus como argumento para vender relíquias milagrosas por altíssimos valores, com base em pura ganância, estão, portanto, trabalhando com mentira descarada, primeiramente porque não parte da pessoa determinar um objeto, um meio, pelo qual Deus irá exercer Seu poder, mas, unicamente, a iniciativa de, pela fé, pedir-Lhe segundo as suas necessidades, o meio a canalizar a bênção, se por ventura a oração for respondida -pois o "NÃO" de Deus também existe, podendo ser tido como uma disciplina para o cristão interesseiro e descompromissado ou proteção da parte dO Pai, que deixa de dar ao homem pecador aquilo que pode corromper seu coração-, está a cargo dO Criador, que poderá usufruir de infindáveis artifícios, desde o advento milagroso, sem canal algum, súbito e explicitamente sobrenatural, até o envio de um irmão com palavras de encorajamento ou disposição de auxiliar em serviço ou recursos, mas tudo depende dos planos soberanos dO Eterno, segundo aquilo que Ele quer ensinar ao fiel. A dependência exclusiva da fé, sem o apego à matéria, como se  O Criador da matéria dependesse dela, é um teste para o cristão, uma disciplina benéfica, fazendo-o aproximar-se da face verdadeira de Deus e aprofundar os relacionamentos com Aquele que transcende - Hebreus 11:1-. Quem crê que O Criador do Universo tem poder para agir sem depender de nada além de Si mesmo, está preparado para entender que Ele pode utilizar-se da matéria que Ele mesmo criou como ferramenta de bênção, mas sem necessitar dela e tal percepção cria uma imagem sadia e sóbria dAquele com quem fomos criados para nos relacionar, um Deus que é mais que religião, um Deus que é vivo, proativo, independente, absolutamente surpreendente e soberano e que, embora algumas vezes difícil de ser entendido, deve ser tido antes como um amigo muito próximo, do que uma divindade fria e totalmente deslocada de nossa realidade.

No final das contas uma coisa é certa: Deus não canaliza o Seu poder a um objeto específico, produzido por uma empresa específica, "abençoado" por um pastor específico e vendido por um valor determinado, não!! Ele é independente e pode agir com mais poder, se você tiver fé, através de um cascalho da beira do rio do que através daquele "martelinho milagroso" que você comprou do "apóstolo" por "apenas mil reais". Deus não age por dinheiro, não é como um banco, que dá mais retornos financeiros conforme os valores nele depositados, não! Ele já é, naturalmente, dono de tudo o que criou e não há nada que esteja fora de Seus domínios, portanto, o "martelo milagroso" não está mais perto de Deus do que a folha seca caída ao chão!! Em momento algum da Bíblia O Pai é "ativado" por meio de objetos, como se fosse uma divindade pagã, na verdade a única coisa que realmente chama a atenção de Deus em qualquer lugar do mundo e por meio de qualquer coisa é uma fé sincera, firmemente fundamentada numa devoção real, evidenciada por um coração disposto e entregue - Salmos 34:18. Nem ao menos o Templo de Salomão era um recipiente adequado para Deus, que não pode ser limitado pela matéria, já que transcende - é o próprio Salomão quem o diz em 1 Reis 8:27 -, tendo mais um sentido didático para o povo, do que uma necessidade direta para Deus -evidenciando a diferença gritante que há entre Deus, santo, e o homem, pecador; mantendo o temor dO Pai, afim de provar o coração dos hebreus -e estrangeiros convertidos- e deixando muito clara a necessidade de Cristo para reaproximar O Pai dos homens, dos arrependidos. Com Cristo o véu do Templo se rasgou - Mateus 27:51 -, indicando que temos acesso direto aO Pai - João 4:21-24 -, tornando-nos, agora, o verdadeiro templo de Deus - 1 Coríntios 3:16.

B -"Deus promete prosperidade aos Seus filhos"-Isaías 1:19:
Esse é um exemplo escancarado daquilo que disse sobre o fato de os "cristãos" de hoje picotarem os textos bíblicos procurando só o conveniente e ignorando o inconveniente, mesmo que ele esteja evidente, pois dois versículos acima há uma condição para o "comer o melhor da terra":"Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas." É um típico exemplo de querer o agradável e evitar aquilo que exige esforço, entrega, pois todos falam de Isaías 1:19, mas poucos lembram de seu verso irmão, o 17, que, convenhamos, é bem mais nobre e vital do que o 19! Quando Deus propôs a Lei aos hebreus - eu digo "propôs", pois Ele não os obrigou a aceitá-la, mas deu-lhes liberdade de concordarem com os termos ou não e, somente após concordarem, cobrou-lhes a obediência -, certamente o objetivo principal não era fazer prosperarem materialmente os indivíduos da nação israelita, mas fazer valer a Aliança Abraâmica, de o povo de Israel ser uma bênção para o mundo - Gênesis 12:3 -, o que tem uma aplicação diretamente eterna, e é aqui que entra o auxílio aos necessitados, excluídos e ignorantes, como a mensagem prática da teoria, como o demonstração da bondade de Deus por meio de Seus seguidores, fazendo a atenção dos povos se levantarem para o tão bondoso e ativo Deus de Israel. Então o plano de Deus era, pela benéfica postura dos hebreus, fazer as nações derredores se prostrarem e, se curvando, serem abençoadas materialmente como os hebreus já eram - tirando que a fartura de alimentos e outros recursos, prometidos por Deus, também deveria ser mais um meio de auxílio humanitário do que alicerce para o comodismo.

O problema dos cristãos de hoje é que se esquecem do objetivo de estarmos aqui, como abençoados pela culminância da Aliança Abraâmica, que é Cristo. Queremos imaginar que o Céu já começa agora e que fomos colocados nesse mundo como criaturas inúteis, que devem apenas angariar bens materiais e saúde. Queremos atrair os mundanos pela ganância, o que, por si só, é algo totalmente anticristão: "eles vão querer vir pra nossa igreja porque aqui existe prosperidade". Esquecemos também que estamos no Novo Testamento, não no Velho, vivendo num mundo a funcionar de modo diferente, já que O Cristo, a Pedra Angular, já esteve entre nós para consertar parte das coisas, portanto o nosso chamado não é "mais" para "prosperidade" -e nunca foi-, mas para entrega, privação, luta e, se houver alguma bênção, que ela seja repartida com os necessitados, pois é para os fracos que Jesus veio e, sendo nós outrora fracos, para os fracos devemos ir -leia: "Quem somos?" e "O Fundamento". Nós estamos nesse mundo, como cristãos, antes para levar a Boa Nova aos cativos e o maior prêmio, tanto para nós, quanto para eles, é a Vida Eterna! Aqueles que se preocupam muito mais em ter todos os problemas resolvidos e infindáveis riquezas materiais, para serem maiores do que os outros ou viverem plenamente bem, antes de terem com os pobres e necessitados, não são, de fato, cristãos, pois o cristianismo prega a humildade e generosidade - se o cristão tem bens em demasia, é porque não está usando, destinando, parte do que Deus lhe deu para suprir as necessidades daqueles que padecem de privações, resumindo-se mais num hipócrita, num tremendo mal exemplo, do que num emissário de vida, seja ela boa para eternidade, seja ela boa para a mortalidade - vide Tiago 1:23-27. Lembremos que o miserável não se interessará pelo teu Deus até saber o quanto você, como seguidor de Deus, se importa com ele - matada a fome, tomado o banho e vestida a roupa nova, terá condições físicas e psicológicas de se interessar por algo além de apenas sobreviver.

O fato é que devemos separar as coisas: Israel, inicialmente, está na parte da Aliança Abraâmica correspondente à descendência genética do Pai da Fé - Gênesis 12:1-2 - e o Velho Testamento está relacionado diretamente aos fatos ocorridos com a nação assim constituída, havendo profecias e leis direcionadas exclusivamente ao povo em questão, por isso não podemos tê-las como para nós, pois fazemos parte dos "estrangeiros" na Aliança Abraâmica -v 3. Há uma diferença entre o que se refere a um estado político e um reino espiritual e são esses os focos diferenciais do Velho e do Novo Testamento e a prosperidade material, que só aparece como promessa terrena no Antigo Testamento, tem um vínculo de necessidade muito maior no estado político de Israel do que no reino espiritual inaugurado depois de Cristo, do qual os israelitas cristãos também podem fazer parte - um reino maior, alicerçado na Palestina, com a cruz cravada na rocha como uma bandeira de conquista posta no cume de uma montanha ou na torre da fortaleza inimiga, mas que se alastra pelo mundo inteiro, unindo, do Povo Escolhido, os que aceitaram Cristo, aos gentios que igualmente se converteram aO Filho.

É uma questão de lógica: num mundo sem Cristo e com o Espírito Santo a descer e estimular apenas alguns ungidos de Deus, o relacionamento com O Pai, que é o centro da fé -O Filho veio para reaproximar o homem dO Pai e o Espírito Santo é enviado como representante dO mesmo-, só poderia ser tido de uma forma mais distante e fria, já que não havia o nascer de novo no Espírito de Deus, o que define e inspira o cristão a servir aO Pai, e o Pecado, ainda não vencido e aniquilado pelo sacrifício dO Filho, mantinha um abismo quase que intransponível entre O Santo Deus e o pútrido homem. O mundo sem Cristo não podia funcionar corretamente e hoje, mesmo que imerso em caos, pelo menos a relação entre Deus e os homens que aceitaram carregar a marca dO Filho, as engrenagens estão todas no lugar, pois o cerne de perfeição foi reinserido na Criação, para reaproximar o imperfeito do Perfeito Deus. O Pai, simplesmente, não tinha alternativa, dentro de uma realidade de livre arbítrio, senão a de sugerir leis para o Povo Escolhido agradá-Lo ou não, nem tanto leis para aproximarem-nos dEle, pois sem Cristo ninguém se aproxima de Deus, independente das obras, mas leis para testar o seu interesse em estar ou não com Ele através da obediência, valorizando-se mais a devoção sincera e fazê-los entender um pouco da Sua natureza -através das verdades eternas, dos conceitos, por detrás da letra fria-, do Seu padrão e experimentar, através da obediência, a Sua bondade ou, através da desobediência -após o aviso prévio e muitas chances-, a Sua justiça e poder - então a imagem de um verdadeiro pai se constrói: Ele dita as regras, supre as necessidades e, quando necessário, por amor disciplina, sabendo do que será melhor para um futuro sadio - Jeremias 5 -, leve em conta que a possibilidade de dura disciplina gera o medo de errar voluntariamente, evitando a rebeldia, e, quando aplicada, demonstra, na prática, que falhar machuca, é prejudicial e, no caso de nosso relacionamento com Deus, expressa a realidade de que o afastamento do Deus da Vida só pode gerar dor - Hebreus 12:6-8.

Agora a Lei parece demonstrar a sua mais necessária utilidade: fundamentar a nação política de Israel num sólido alicerce de moral -punição do adultério, afim de preveni-lo pelo medo, assim como da rebeldia, furto...-,  sanidade física -cuidado com alimentos, armazenamento, afastamento temporário de doentes e mães após o parto...-, parâmetros religiosos -monoteísmo, o Templo e festas memoriais, rituais de obediência e entrega, prevenção contra o paganismo, como no caso de não se misturar tecidos nas roupas, já que a mistura de tecidos era um típico ritual cananeu, segundo a crença de que os tecidos "acasalariam" e "promoveriam" prosperidade- e orientações políticas -auxiliar na preservação da propriedade de terceiros, não trapacear, respeitar a honra das mulheres, dos líderes da família, dos sacerdotes e do Senhor...-, veja alguns exemplos em Levítico 19 e Deuteronômio 22. A questão é que todo esse sistema de leis extremamente profundas a amparar completamente Israel tinha um objetivo central e posterior: fundamentar uma nação rígida e forte, que sobrevivesse tempo suficiente para sair dela, como fruto da Promessa, O Messias, e isso num contexto de relativa segurança sanitária, moral e política, além, é claro, como já disse, de transmitir conceitos sobre a natureza de Deus através de exemplos práticos. Cristo veio para reaproximar Deus dos homens, sim, mas também para corrigir a postura dos homens em relação à Lei, mostrando-nos que a questão não é o seguir de uma letra fria e estritamente literal, mas o aplicar honesto de conceitos amplos - e isso com base em sobriedade e sinceridade.

Bom, até agora eu não falei muito sobre a prosperidade em si, pois tudo não passou do pano de fundo para o que direi na seqüência: Deus diz, no Antigo Testamento, que recompensará a obediência à Lei com prosperidade material para a nação e isso tem dois motivos principais, ao meu ver: como o povo precisaria obedecer aos estatutos dO Pai para manter-se unido e forte até a vinda do Messias, servia como um estímulo, um apoio, um chamariz, pois sem a habitação do Espírito Santo entre os homens -numa realidade sem Cristo o oposto seria impossível, lembre-se também do livre arbítrio, pois Deus não arromba portas, ide Apocalipse 3:20 -, mas no Templo, eles não teriam aquele forte ímpeto espiritual de obedecer aO Pai e ter profundo prazer nisso, pois, só após algumas disciplinas de nossa parte, o anseio por Deus, que é Santo e Perfeito, é inspirado em nós pelo Espírito Santo habitando-nos, sendo Ele também Santo e Perfeito, já que, naturalmente, pela carne, repudiamos O Pai. Os homens, sem o Espírito Santo e Cristo, não tinham motivos naturais para a obediência às Leis de Deus, mas a promessa de prosperidade era um meio dO Pai, na realidade do livre arbítrio, estimulá-la. O segundo motivo também está incluso na realidade da nação política: como Israel tinha que se fortalecer e sobreviver até a vinda dO Messias, precisava de um alicerce econômico estável, o que proporcionaria o comércio com as nações vizinhas, abasteceria as famílias israelitas e enriqueceria de recursos e saúde todo o estado, o que também aumentaria a natalidade, isso sem contar com o fato de que a prosperidade chamaria a atenção dos povos vizinhos para Israel e Seu Deus, como já disse - é claro que a prosperidade como resposta à obediência também servia como um ensinamento, deixando evidente que vida abundante só existe diante do Deus Vivo, mas vale lembrar que a ganância e arrogância sempre foram condenadas pelo Pai, vide Amós 6, por isso "prosperidade" tem limites. Então toda a questão da Lei e das bênçãos como recompensa serviram, principalmente, para garantir a sobrevivência de Israel e a vinda dO Messias, o foco central da História Humana, e é Cristo que, vindo, divide a história do Reino em duas, separando as águas: passou-se o reino político e iniciou-se o reino espiritual, mantido hoje através do Espírito Santo em nós.

Hoje, como cristãos, não temos motivos para vivermos atrás de prosperidade. Eu não desconsidero o Antigo Testamento, de forma alguma, pois ele nos traz exemplos de fé e luta fortíssimos, nos ensina muito sobre Deus e nos mina de conhecimento e entusiasmo com O Pai, só acho que o AT é apenas o alicerce espiritual e histórico para o cristianismo, o Novo Testamento, que brotou dele, reformando seus ensinamentos e mostrando a Boa Nova dO Filho ao mundo que se inseriu, após a Sua morte e ressurreição, na realidade do Reino Espiritual. Da mesma forma, não penso que o cristão não deva buscar a realização material, pois Cristo nos ensina a pedir aquilo que almejamos - Mateus 7:7 - e também não penso que Deus não pode ou não quer nos abençoar materialmente, pois, de fato, Ele se importa conosco e procura pela nossa felicidade - Mateus 6:30 -, a questão está na realidade em que vivemos hoje: não sendo um reino material, político, mas uma congregação mundial de fiéis, não precisamos de fortes alicerces econômicos para nos sobressairmos, e como Cristo já morreu por nós e o Espírito Santo é quem nos motiva naturalmente a estar com Deus, não dependemos de nenhum estímulo material para tal, pois isso inibe a fé sincera, que é aquilo que O Pai procura. A missão dos cristãos hoje -sejam hebreus convertidos ou gentios igualmente salvos- é diferente da missão da Antiga Israel: não temos que constituir uma nação que atraia pessoas de outros povos para si, como um ímã, através da chamativa prosperidade, mas temos, como emissários do Reino de Cristo na Nova Aliança, que ir até as pessoas e as atrairmos para Jesus pelo nosso bom exemplo, pelas palavras de libertação e salvação eterna e, quem sabe, pelo suprir de suas necessidades básicas, através do ato de repartir o que temos - na Velha Aliança os que sofriam eram atraídos para Israel, na Nova Aliança os que se alegram em Cristo são atraídos pelos que sofrem. De qualquer forma, o estilo de vida itinerante que o ideal cristão propõe não pode combinar com o padrão sedentário que a "prosperidade" exige.

É fato que Deus quer curar, trazer conforto e prosperidade aos que sofrem, aos abatidos, é por isso que muitos vão até Ele e, conhecendo-O verdadeiramente, se entregam, é o próprio Deus que o orienta, dizendo "vinde" - Mateus 11:28 -, mas dessa libertação promovida na vida dos que passam a crer não deve suceder uma rotina folgada e voltada para as riquezas desse mundo e é por isso que Cristo, após nos erguer e fazer conhecer O Pai, desfere outro mandamento, o "ide" - Mateus 28:19-20. Como O Messias já veio e abriu as portas do Céu para nós, nossos interesses nesse mundo, como filhos de Deus, devem, fundamentalmente, ser voltados ao que é eterno - Colossenses 3:1-2 -, primeiramente porque Deus não divide domínios com as riquezas mundanas em nossas vidas -Mateus 6:24 -, pois repudia a idolatria - Mateus 22:37 -, em segundo lugar porque toda a matéria, seja bela ou rígida, irá se desfazer com o tempo ou no Dia do Senhor, quando Ele julgará o mundo - Mateus 6:19-20 - e em terceiro lugar, porque nos serão cobradas as vidas dos incrédulos a quem não apresentamos o Evangelho, já que nos omitimos - Tiago 4:17- e permitimos o seu tropeço nas trevas enquanto nos preocupávamos mais em amontoar tesouros - Marcos 9:42. Lembre-se de que não fazer a vontade de Deus é desobediência - Mateus 12:30-, a desobediência gera inimizade - João 15:14 - e a inimizade para com Deus nos afasta dEle, rumo ao Fogo Eterno - Mateus 22:11-13. A "prosperidade" da forma como se apresenta hoje, não pode ser bíblica, pois oferece ao homem aquilo que já em pecado ele quer, sendo apenas mais um fruto do diabólico humanismo de nossos dias, até porque Deus não incentivaria o homem a procurar justamente por aquilo que dificultasse o desenrolar da Grande Comissão e da vida cristã, pois desde o Éden caímos no erro de nos deixar levar pelo que é belo e saboroso, pelo que é prazeroso - Gênesis 3:6- e facilmente abandonamos Deus em troca do ego - Mateus 6:1-6; Lucas 22:26-, do comodismo - Mateus 25:1-13. A nossa real prosperidade será no Céu, futuramente!! Hoje, meu caro, somos guerreiros!

C -"Prosperidade é uma evidência de que a pessoa está agradando à Deus"
Isso o livro Jó já tratou de aniquilar, pois ele sofreu terrivelmente mesmo sendo um homem justo. Deus não trabalha com trocas, não se pode comprar a Sua bênção, pois assim como Ele permite que as dádivas do sol estejam disponíveis ao incrédulo - Mateus 5:45-, pode permitir que o crédulo passe fome, em ambos os casos fazendo-o por amor. Especificamente no caso do sofrimento, da dor, da doença, fome ou frio, somos lapidados, desistimos de nós mesmos e nos entregamos completamente à Deus, a única salvação, o que aprofunda nosso relacionamento com Ele e aperfeiçoa nosso caráter, fazendo-nos mais simples, humildes e acessíveis - 2 Coríntios 12:9; Filipenses 4:12-13.

"Prosperidade" nem de perto é evidência derradeira da proximidade com Deus, embora possa ser um pequeno indicativo - Mateus 6:25-34-, basta analisarmos o fato de que Satanás ofereceu todos os reinos do mundo -caídos- para Cristo como condição de Ele desistir de Sua missão salvífica - Lucas 4:5-7. Um "cristão" de hoje certamente consideraria uma "bênção" de prosperidade sem tamanho ter o mundo inteiro nas mãos -e uma evidência descarada da ação de Deus-, mas estaria sendo, simplesmente, precipitado. O texto nos mostra uma realidade perigosa: Satanás também pode promover prosperidade na vida dos homens, mas qual é a condição? Devoção para com ele. O "cristão" que prospera, mas vive pouco do que a Bíblia fala, estando em pecado, portando-se com arrogância e ganância, vivendo mais para o EU do que para Deus e os outros, provavelmente, segundo o que o texto de Lucas nos diz, está recebendo a sua prosperidade diretamente de Satanás, já que ele a busca pelos meios e motivações erradas, além do fato de tal prosperidade corrompê-lo ainda mais. O Inimigo é o mestre da enganação - 2 Coríntios 11:14-, sempre disposto a aniquilar os filhos de Deus - João 10:10-, imobilizando-os ou, até mesmo, destruindo-os eternamente - ou, pelo estímulo, levando-os a fazerem-no consigo mesmos - Jeremias 12:1. Com isso não quero dizer que Deus não permite que alguns prosperem, aqueles que Ele sabe que não vão se corromper, pois para cada um Ele determina uma missão específica e pessoas com recursos financeiros são essenciais para financiar missões evangelísticas no mundo inteiro e dar amparo para irmãos e igrejas locais.

Mateus 7:21-23 é bem conclusivo: não importam as evidências físicas, se o cristão não faz a vontade de Deus, não O obedece, tudo é vão e, provavelmente, as supostas evidências não são de Deus, mas frutos do esforço, poder do EU ou, até mesmo, de Lúcifer. Com isso não descarto as possibilidades de O Pai ser a fonte das riquezas e do poder eventualmente exercido por seus seguidores desobedientes, mas parece-me mais provável que não seja. Então aqui entramos noutra questão: não é porque o culto de tal igreja tem gritaria, línguas espirituais, curas e ricos testemunhos, que, de fato, Deus seja o centro das coisas. Muita da ação pode ser fruto de emoção ou postura forjada para chamar a atenção, porém, de fato, há coisas indiscutivelmente espirituais, mas eu entendo que o aspecto dessas coisas evidencia a sua origem: se algo é bizarro, estranho demais, como uma pessoa a cair súbita e duramente ao chão, indivíduos tremendo freneticamente nesse mesmo chão ou gritos altíssimos, suponho ter algum envolvimento demoníaco -é hipótese-, que, se não relacionado a um exorcismo, não passa de um teatro de enganações, pois a presença de Deus, quando agindo sem empecilhos, é suave, branda e promove paz de espírito - 1 Reis 19:11-13. O fato é que, se você vê eventos sobrenaturais numa igreja que idolatra o templo, o prédio, que se apega a relíquias como se fossem poderosas -um retorno ao judaísmo, aos tempos sem Cristo-, que prega a prosperidade, que vende objetos milagrosos, idolatra o pastor -retorno à Idade Média- e procura, incansavelmente, altíssimas ofertas em dinheiro -sendo que só Jesus basta, João 14:6-, desconfie das fontes, pois é impossível ser igreja cristã, de Cristo, sem seguir os parâmetros definidos por Jesus no Novo Testamento, já que a identidade do cristianismo está na prática e aceitação de determinadas questões que, se revogadas, descaracterizam-no e, portanto, o anulam - Gálatas 1:8. Também desconfie dos chavões: "Eu determino que Deus me dará tal coisa", pois isso vai contra a lógica de que quem determina as coisas é O Pai, que, além de soberano, sabe o que nos é melhor - Romanos 9:20; Lucas 22:42- ou o "eu profetizo sobre a minha cidade..." quando, na verdade, não foi Deus quem inspirou essas palavras - 2 Pedro 1:21. Desde quando o homem tomou o lugar de Deus nas decisões?! Desde quando?! A igreja de nossos dias precisa retomar o saudável temor do Pai!! Provérbios 9:10. A experiência espiritual não pode ser o fundamento da fé, a essência, mas, sim, o conhecimento da Palavra e a vida prática com Cristo, tendo o Espírito Santo diariamente agindo na rotina, não em eventos específicos! Marcos 16:20 afirma que os sinais milagrosos não ocorrem apenas como belo espetáculo, mas existem, acompanhados da pregação, exclusivamente para confirmar que aqueles que divulgam o Evangelho são, de fato, de Deus e que, portanto, falam a verdade, logo, sinais e prodígios desacompanhados de uma vida cristã coerente ou de uma doutrina indiscutivelmente bíblica, não são frutos dO Pai, mas quando há sinais e milagres ao lado da sã doutrina e exemplo de vida, sem hipocrisia, daí podemos creditar a ação celestial - feitos miraculosos também servem como chamariz para o evangelismo. O fato é que a grande luta do cristianismo não é por cura, fartura, liberdade em termos materiais, apesar de auxiliar nisso, mas o acúmulo de "tesouros eternos", já que tudo aqui é efêmero!

3 - A Bíblia e outras questões morais:
Postagem "Sola Scriptura", nO Mirante

A - "A Bíblia mostra Deus sendo mal, pois mata muitas pessoas", é o que dizem alguns. Vários versículos demonstram juízos de Deus na humanidade e você poderá ler sobre isso, juntamente com as explicações, na postagem "Incoerência". O fato é: se um cristão sofre opressão e é torturado por perseguidores, os críticos dizem: "Onde está o seu Deus agora? Essa é a bondade dEle, te deixando morrer?" e se Deus, porventura, matasse todos os opressores em defesa do Seu filho, diriam: "Esse é o seu Deus? Não parece nenhum pouco bondoso!" Os que criticam sempre encontrarão problemas... discutir é como jogar "pérolas aos porcos" - Mateus 7:6. Que se pense quais as motivações e os frutos eternos de um juízo divino, pois os fins, nalguns casos, justificam, sim, os meios.

Por que Deus mata? Primeiramente, é um direito Seu de, como criador da vida e legislador do Universo, julgar e destituir da existência os insurretos - Romanos 9:20; Isaías 45:8-9. Porém, Deus, sendo justo e bom, não o faria por meros caprichos, e é o que os outros pontos demonstrarão:
-Juízo, Gênesis 18:20-33: Deus se cansa do pecado contínuo, O Pai, totalmente justo, simplesmente não pode deixar a iniquidade impune. Em determinadas ocasiões relatadas na Bíblia, Deus aniquilou nações devido a sua tenebrosa perversão e oposição à Sua vontade, mas esses são casos mais extremos, como o de Sodoma e Gomorra que, mesmo assim, teriam sido poupadas se nelas habitassem um número muitíssimo reduzido de homens justos. Em ocasiões desse tipo, Deus evidencia a Sua vontade, o Seu poder, faz com que os que morreram sirvam de exemplo para uma aproximação de outros e, destruindo um antro de exagerada maldade, priva outros povos de se envenenarem pelo péssimo e vil exemplo da nação julgada.
-Escolha humana, Deuteronômio 30:19: havendo estatutos divinos a serem seguidos em prol da vida, sendo a rebeldia retribuída com morte, qualquer um que, tendo conhecimento disso, prosseguir na posição de inimizade para com Deus, estará, literalmente, pedindo para morrer, julgando-se a si mesmo.
-Proteção, Salmos 89:23: para manter vívida a esperança messiânica, Deus, no Antigo Testamento, precisava proteger Israel dos inimigos, julgando-os pela sua arrogância e orgulho, blasfêmia, devassidão, e covardia. Por amor ao indivíduo que tem como filho, O Pai pode entrar na briga. A proteção também se enquadra na conquista de Canaã pelos hebreus, que precisavam de terras para constituir uma nação.
-Disciplina, Hebreus 12:5-9: para manter Israel em coerência com a vontade dO Pai, em prol da consumação da História da Redenção, Deus, volta e meia, precisava disciplinar a nação com ataques inimigos, pestes e outros artifícios mortais, já que a exortação pacífica vinda da boca dos profetas pouco adiantava. O exemplo de alguns, que morreram em resposta a rebeldia, servia como disciplina para o povo inteiro e, disciplinado, reaproximar-se de dO Criador.
-Amor, Hebreus 12:2-4: toda a ação de Deus se dá por amor. Inclusive a disciplina e o julgamento de Deus são fundamentados no amor: o eliminar de uns poucos insurretos em prol da salvação de muitos pelo exemplo e pela eliminação da influência negativa, mas há um exemplo de ardente amor que se sobressai: a morte de um inocente em prol da eliminação do pecado de uma humanidade inteira -para quem aceitar: o sacrifício de Cristo! Jesus morreu, morreu pela vontade de Deus, mas com o objetivo de atingir pelo exemplo e pelo estrondo espiritual a vida de uma humanidade condenada pelo pecado.

B - "A Bíblia estimula o machismo", é o que dizem outros. Efésios 5:24 é uma das passagens usadas, pois determina que as mulheres devem se sujeitar aos maridos. Ora, a Bíblia não é "machista", pois não trabalha, segundo o seu fundamento em amor e "não acepção de pessoas" -Atos 10:34; Gálatas 3:28-, com a exploração egoísta do homem para com a mulher. Acontece que Deus, Perfeição e Ordem, sempre designa autoridades em todas as instituições que alicerçou e o casamento não seria diferente, tendo o homem, o primeiro criado, como aquele que anda na frente e a mulher, como sua auxiliadora. No final das contas é um trabalho em equipe a acrescentar para os dois envolvidos: a mulher ama e respeita ao homem, como a Igreja ama e respeita à Cristo de modo profundo, a pondo de, se necessário, morrer por Ele, e o homem respeita e ama ardentemente, a ponto de entregar a sua vida, pela esposa, assim como Cristo o fez pela Igreja. O homem é o "cabeça" da mulher assim como Cristo é o "cabeça" da Igreja, portanto o homem se coloca numa situação de liderança servil, totalmente focada nos interesses da esposa, enquanto a esposa se submete ao homem também em postura servil, totalmente focada nos interesses do marido, concluindo-se num sentimento comum de servidão e amor, afinal, quem ama verdadeiramente não busca interesses próprios, grandeza individual, mas a vida e a honra daquele que ama - 1 Coríntios 13:4-7. Se o homem explora e quer mal a mulher, está explorando e querendo mal a própria carne, pois é uma só carne com a esposa, além de estar fazendo o oposto do que Cristo faria e desrespeitando a responsabilidade de imitá-Lo no relacionamento conjugal - leia Efésios 5:25-33. Em resumo: o serviço e o amor depositado no marido não partem de si mesmo, mas da esposa, enquanto o serviço e o amor depositados na esposa não partem dela, mas do marido - 1 Coríntios 7:4.

Se o padrão bíblico de amor e casamento for levado em conta, o marido jamais menosprezará ou subjugará a esposa!! Não haverá espaço nem para machismo, nem para feminismo, pois os dois lados, amando-se ardentemente, servir-se-ão um ao outro de bom grado e se respeitarão profundamente, em zelo pela integridade e honra das partes, unidas como uma só. Quando Paulo exorta o marido a amar a esposa de modo tão profundo, chegando a ser sacrifical, está enfrentando descaradamente o pensamento romano, onde a mulher era apenas uma propriedade do homem. Quando Paulo fala para a mulher se submeter ao marido, trabalha com o patriarcalismo tipicamente bíblico, fonte de ordem, lembrete do relacionamento entre Jesus e a Igreja e o ambiente perfeito para se exercitar o amor cristão, capaz de fazer uma parte abrir mão de alguns privilégios, submetendo-se, e a outra, abrir mão doutros privilégios, não explorando ou subjugando, não abusando da autoridade, tudo por amor.

Mas se não existe machismo nas Escrituras, então como podemos entender 1 Coríntios 14:34-35, que ordena o silêncio das mulheres na congregação? Ora, é simples: o que vem antes dessa ordem? Confusão com os dons espirituais, em especial o de línguas, promovendo desordem na igreja -verso 33. Provavelmente a questão do silêncio das mulheres partia, primeiramente, desse problema: talvez estivessem, parte delas, portando-se erroneamente nas celebrações, promovendo, pela atitude, mais confusão do que crescimento. Era um problema local e precisava ser resolvido! O capítulo 11 trata um pouco mais desse ambiente confuso e repleto de discórdia instalado em na igreja de Corinto, vide o verso 18, o que dá um pano de fundo ainda melhor para a preocupação de Paulo com a postura das mulheres dessa igreja. Outra questão era relativa ao ensino: com toda a espera messiânica, originada em Gênesis 3:15, mas fortalecida com Abraão, de ser o primogênito, filho homem, separado por Deus como herdeiro da promessa, o ensino da Lei, da Palavra, era de exclusividade masculina: os homens adultos ensinavam, orientavam, os jovens de modo especialmente profundo, sendo, por uma questão cultural, as mulheres desprovidas desse privilégio. Podemos concluir, com esse raciocínio, que as mulheres, com menos acesso ao conhecimento teológico, tinham grande potencial de expor publicamente compreensões errôneas e indevidas da fé cristã, portanto, para evitar-se a heresia, blasfêmia ou desonra, era preventivo o ato de exortar pelo seu silêncio e, havendo algum pensamento, reflexão ou pergunta, expressada exclusivamente em casa, direta e somente com o marido, melhor instruído. O capítulo 14 parece tratar dessa questão específica, afim de evitar contendas e inconvenientes, mas Paulo, no capítulo 11, parece, noutros termos, condizente com a expressão em louvor da mulher na congregação, vide o verso 5. Como conclusão e aplicação, podemos entender, portanto, que a questão não é o silêncio da mulher em si, mas a nossa omissão pública mediante a incerteza ou carência de conhecimento e moral em relação a tópicos de caráter teológico, com o objetivo de não criarmos confusão e polêmica por intermédio de uma eventual heresia ou blasfêmia. Não se trata de machismo!!

C -"A Bíblia estimula a escravidão", é o que muitos alegam ao se depararem com a carta de Paulo à Filemon ou o trecho de Efésios 6:5-10. Besteira! Quem assim argumenta trabalha com imensa desonestidade e não ataca a Bíblia por considerá-la, realmente, vil, mas porque o indivíduo em questão, por uma inimizade para com Deus provinda de problemas familiares, deficiências, outros traumas e carências, ou com base no anseio por libertinagem, quer destituir o valor das Escrituras, acusando-a pretensiosamente. O apóstolo Paulo jamais defende a escravidão, incentivando-a, da mesma forma que não luta contra todo o sistema romano imperante em seu período. Em primeiro lugar, devemos levar em conta que a relação de servo e senhor nesse período: o contexto judaico-cristão não equivale à carnificina da escravidão promovida, por exemplo, pelo Brasil colonial em relação aos negros africanos, nem de perto, assemelhando-se mais a relação atual de operário e chefe. O servo em questão cuidava dos negócios de seu senhor numa interação relativamente próxima a de amizade, não recebendo grande retorno em salários, mas o sustento da casa daquele a quem servia. Nesses casos, numa sociedade onde imperava o pensamento secular e contra o qual a Igreja não tinha poder determinante, era melhor que o servo, o escravo, continuasse na segurança de sua posição do que perdesse o posto, simplesmente porque os servos constituíam uma classe social desconsiderada, tida por não-cidadãos, sem direitos políticos ou oportunidades, portanto, se um senhor libertasse seu servo, ele, de berço servil e, quem sabe, de nação estrangeira, não seria bem recebido pela sociedade romana e padeceria de sofrimentos e privações maiores  do que as recebidas na situação de serviço, por conseqüência, o pensamento mais saudável não era se impôr em oposição completa, rebeldia e ousadia contra o sistema vigente, mas exortar para uma modificação saudável do mesmo, benéfica para o servo, que continuaria na segurança do serviço e sustento, e benéfica para o seu senhor, que teria servos mais felizes, saudáveis e eficientes, ambos agradando ao Senhor pela atitude mútua de amor, seguindo o exemplo de Cristo - Lucas 22:26.
Em resumo: a Palavra não defende a escravidão, mas trabalha com conceitos que devem transcender toda a convenção e tradição social. A Bíblia é muito clara: quando regras estipuladas pelo governo não se opõem a verdade das Escrituras e não colocam à prova a nossa fé, pressionando-nos a desistir de Cristo, devemos acatá-las, pois nossos anseios são focados na eternidade e não em questões puramente humanas - o que não nos impede de levantarmos oposição à posturas que ferem os padrões bíblicos de amor. Romanos 13:1-6. Apliquemos o pensamento de Deus em relação ao servo e o senhor na atual configuração profissional de empregado e empregador.

D - "A Bíblia estimula a disciplina física nas crianças", é o que alegam os críticos com base em Provérbios 23:13-14, que, dessa vez, estão criticando com alicerces num conceito inquestionavelmente bíblico. A questão aqui é: a crítica realmente é bem fundamentada? Só porque a imagem de um pai disciplinando fisicamente um filho mexe com nossas emoções e é difícil de engolir num primeiro momento, a correção física está errada? Precisamos separar o que é fruto involuntário de nossas emoções daquilo que é fruto do pensamento racional, tido pelo exercício intelectual. Em primeiro lugar, a cultura cristã é a primeira a realmente se preocupar com o bem estar das crianças, que até antes de Cristo eram tidas como "mini-adultos" e tratadas com frieza, o que prosseguiu em culturas pagãs, como a romana - o encontro de Jesus com os pequenos é um maravilhoso exemplo dessa revolução do trato com eles, vide Lucas 18:15-17; Paulo, em Efésios 6:4, faz questão de exortar os pais a tratarem de modo adequado com os filhos, sem desonrá-los ou irá-los, mas orientando-os à verdade do Evangelho. O segundo ponto se refere ao amor: com amor, o amor cristão, o pai, ao disciplinar o filho, não o fará com ira e descontrole, mas ciência e moderação, afim de não feri-lo ou desrespeitá-lo, mas, sim, orientá-lo corretamente, pois é melhor uma dose pequena, mas amarosa, de dor corretiva, do que uma posterior, com base em rebeldia, dose de terrível e torturante dor, embasada no ódio de outros indivíduos, com os quais o filho insubmisso se envolveu. O terceiro ponto, sendo o final, está no papel da disciplina: nossos pais precisam se lembrar que foram disciplinados fisicamente e que isso os encaminhou para o que são hoje, sem traumas; a disciplina faz a criança reconhecer e evitar o erro, entendendo que a rebeldia e insubmissão gera dor -e sempre gerará, em casa ou na selva de relacionamentos que constitui esse mundo caído; a disciplina também incentiva os pequenos a respeitarem as regras e as autoridades, incluindo a pessoa de Deus. Crianças são ingênuas, ignorantes, inocentes até determinado ponto, incapazes de reconhecer o que lhes é melhor ou pior, pela carência de experiências de vida e cultura, mas, ao mesmo tempo, possuem uma tendencia natural, promovida pelo pecado, de caminhar pelas veredas da rebeldia e do egoísmo, por isso a constante intromissão dos pais em sua vida se faz de valor inquestionável. Vide a postagem "Em nome da honra".

E - "A Bíblia condena o homossexualismo", é o que dizem os críticos com base em Romanos 1:25-26 e com o que eu concordo, pois, assim como o ponto anterior, é verdade inquestionável nas Escrituras. A questão aqui é: da mesma forma como tudo perante o qual a Bíblia se posicionou, como vimos, o fez de modo sábio e benéfico, posiciona-se, seguindo o padrão, a tendência, em relação a isso. Ao lado do homossexualismo, a Bíblia condena toda a espécie de corrupção, não o colocando como mais, nem menos, pecaminoso do que outras coisas - 1 Coríntios 6:10. O fato é que, por uma série de fatores, o homossexualismo é prejudicial para a sociedade como um todo, o que você pode constatar nas minhas reflexões de nome "Por que se opor?", "Homocentrismo", "Em nome da honra", "Idéias nocivas" e "Incoerência". A questão é: se a postura aqui comentada fosse realmente benigna, a Holanda, país mais libertino do mundo, que há poucos anos tem liberado de modo pleno a prostituição, o homossexualismo, o uso de drogas... não estaria, numa nota recente, declarado arrependimento por tão grande abertura, que, ao invés de melhorarem a nação, apenas intensificou os problemas sociais -degradação e criminalidade-, é o que se lê numa matéria publicada na revista Veja de 5 de março de 2011, de título "Mudança de Vitrine", do jornalista Thomaz Favaro.

F - "Deus se agradou de alguns pecados", é o que podem afirmar alguns com base no fato de que Abraão, no relato de Gênesis, angariou por meio da mentira boa parte de suas riquezas, riquezas necessárias para a continuidade da Alianças Abraâmica - em Gênesis 20, Abraão e Sara vão ao Egito para fugir da fome palestina e, com medo de perder sua bela esposa, a tem como irmã diante do faraó que, indo contra as previsões do patriarca, decide arranjá-la como esposa, preparando-lhe grande dote, mas Deus, intervindo por causa da Promessa, da Aliança, manda pragas e deixa o pecado da mentira evidente, fazendo o Egito oferecer tesouros para que Abraão seja persuadido a ir embora com seu "mal". O conceito é simples: Deus não pediu para Abraão mentir e, tampouco, se agradou de sua postura, pelo contrário, Abraão pecou nos momentos em que decidiu trabalhar por conta própria e Deus deixou muito clara a reprovação mediante a iniquidade, da qual o Pai da Fé sempre teve que se arrepender. A questão, no final das contas, é que O Pai, em Sua profunda sabedoria e plena soberania, comumente torna em vida aquilo que é fruto da morte, fazendo de Abraão uma bênção, embora tenha se portado, muitas vezes, de modo reprovável; fazendo das riquezas do Patriarca o alicerce para as futuras gerações da Promessa, embora ela tenha sido constituída de modo ilícito. Se O Criador não tivesse a habilidade de tornar a natureza do repulsivo em aceitável, nós, humanos caídos, jamais poderíamos ser salvos! Outro exemplo está nos eficiente sistema de estradas do Império Romano do início da Era Cristã que, embora tinha sido um dos mais eficazes mecanismos de perseguição da Igreja, pelo rápido deslocamento das legiões perseguidoras, também serviu para uma espantosamente rápida divulgação do Evangelho - a Internet, de certo modo, se enquadra nisso: o Mal se dissemina terrivelmente, mas a Palavra também circula massivamente. O Pai é, sim, capaz de usar e tornar o reprovável em ferramenta benéfica, vemos isso no fato de ter usado de reis pagãos como instrumentos de bênção para Israel, como Ciro, da Pérsia - Isaías 45:1-4.

G - "A Bíblia se contradiz", é o que alegam os críticos com base em textos como o de Êxodo 33:11 e 20 que, num momento, afirma o fato de Moisés falar face a face com Deus e, noutro, atesta que ninguém pode ver Deus. Como se explica isso? Quando Deus se apresenta à Moisés e aos anciãos de Israel, no Monte Sinai - Êxodo 24:9-11 -, aparece em teofania, que é uma aparição dO Criador em corpo físico, quem sabe o próprio Filho, única face visível dO Pai aos homens - 1 Timóteo 6:16 e Mateus 11:27. O fato é que, em teofania, a glória de Deus se reduz aos limites de um corpo físico, tornando-se suportável aos homens e é, provavelmente, desse modo que Moisés conseguia ver O Criador. Agora, quando Deus afirma que morrerá qualquer um que vê-Lo, está se referindo à visão clara dEle em plenitude, segundo a Sua absoluta glória em constituição puramente espiritual, a Sua face genuína, imagem poderosa demais para a compreensão e percepção de qualquer ser vivo em limites carnais. O primeiro versículo relata a percepção do autor sobre a amizade de Moisés com Deus e o segundo, o dizer dO Pai na íntegra. Podemos, ainda, levar em conta que o primeiro versículo pode significar, simplesmente, que O Profeta tinha um relacionamento íntimo com Deus.

H - "A Bíblia é anticientífica", é o que outros afirmam, isso com base em versículos como o de Êxodo 22:26 que, supostamente, peca ao tratar com uma realidade geocêntrica. É óbvio que tal alegação é absurda! Até os grandes cientistas de hoje, em conversas casuais, usam termos dessa natureza, por tratarem-se de percepções universalmente compreensíveis e aceitáveis. Quando a Bíblia fala do "Sol se pondo", não está dizendo que "o Sol, girando ao redor da Terra, está movendo-se para sua outra face", mas apenas relatando a percepção do autor humano em relação ao fenômeno crepuscular ou num dizer da parte de Deus provido de configuração compreensível para os homens a quem se referia. O homem de milênios atrás não entenderia com clareza termos que só a ciência atual conseguiu compreender, mas o homem atual consegue entender termos e percepções comuns ao homem de milênios e, como a Bíblia não existe para ser um livro científico, mas um relato da História da Redenção, tido para ser válido e compreendido por todos os povos, de todas as culturas e tecnologias, residentes de quaisquer eras, o caminho mais sóbrio é o da linguagem universal, baseada em percepções comuns a todos os homens, sobretudo relativas a eventos naturais descritos da forma com que são observados: de fato, ao observarmos o horizonte ao entardecer, o Sol parece estar se pondo antes de a Terra parecer estar se movendo. Essa ideia de que a Terra é o "centro do Universo", por sinal, nem é de natureza cristã, mas fruto da filosofia grega, mais especificamente, Aristóteles, cujo pensamento norteou as ciências por milênios, dominando o pensamento dos cientistas cristãos e seculares até pouco depois da Idade Média. Copérnico, clérigo cristão, foi o primeiro a sugerir o heliocentrismo e Galileu, cristão declarado, teve a ousadia, com base em suas observações, de desafiar o pensamento aristotélico e, logo, os cientistas de sua época, quer cristãos, quer mundanos - sua condenação, branda, se deu mais pela sua falta de sabedoria em lidar com autoridades superiores, sendo desrespeitoso, do que por falar inconvenientes.

Levemos em conta, nesse ponto, assim como no anterior, que Deus, ao inspirar o autor humano a escrever a Sua Palavra, não anulou os potenciais, percepções e habilidades tipicamente humanas, mas permitiu que o homem, no que se referia a detalhes pequenos -não na essência-, se expressasse segundo suas individualidades. Entender que o "Sol nasce e se põe" não interfere em nada no que se refere ao relacionamento de Deus com o homem, centro da Palavra! Outras ideias de caráter científico claras na Bíblia também não existem em prol de uma defesa apologética da existência de Deus, mas, simplesmente, para dar um pano de fundo, um princípio, para o relato da História da Redenção e, mesmo assim, são válidas, pois o monoteísmo tido em Gênesis 1 trata-se da ideia científica mais revolucionária, provavelmente, da história, influenciando todo o pensamento dos primeiros - e mais importantes - cientistas dos séculos passados, quase todos cristãos; a criação ex-nihilo não se contrapõe ao Big Bang, pelo contrário, coexiste com ele, levando em conta que um Deus imaterial e transcendente é a fonte da matéria; o criacionismo também não se opõe totalmente ao evolucionismo, pois a influência de Deus nos processos evolutivos poderia, então, ser observada, embora existam inúmeras evidências de que houve uma criação repentina e plena das criaturas dentro de um Universo ainda jovem.

Conclusão:
Eu poderia divulgar todas as categorias de versículos em postagens diferentes, mas me pareceu interessante, num primeiro momento, expôr toda a lista que divulguei nO Mirante, tornando o estudo de todos esses versículos mais ágil e acessível. Espero que, sinceramente, com base em tudo isso, que desenvolvi entre 2011 e 2012, além da leitura de outras postagens do EOMEAB, você possa ter sua fé fortalecida, as tuas dúvidas sanadas e uma argumentação mais eficaz para responder aos ataques anticristãos. Sugestões serão bem-vindas. Pretendo produzir uma segunda versão dessa postagem, fazendo uso de meus recursos teológicos literários. Era isso.

Natanael Pedro Castoldi

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