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Cristianismo, Paz e Liberdade - Política

-> Apresentação e Índice
-> Apologética para Polêmicas Históricas
Alguns dizem que o Mundo Cristão é opressor e violento, pois a própria Bíblia o estimula. Será que isso é verdade? Será que o cristianismo cria um ambiente de tirania? Analisemos o breve estudo que segue - tire as suas próprias conclusões.

Não há de ser impressionante o fato de o ateísmo estar florescendo nas desenvolvidas nações de gênese cristã. Os ateus são livres para divulgar seu ateísmo nessa sociedade cujas constituições nacionais fundamentalmente baseiam-se nas Escrituras – sabemos que várias religiões tribais, o hinduísmo e, principalmente, o islamismo, não toleram o ateísmo. Também é largamente verificável o fértil solo ocidental para a origem e chegada de novas religiões, sejam quais forem, do islamismo ao xamanismo, por intermédio de uma liberdade que, ausente noutros lugares, persegue com ferocidade os cristãos mundo afora – é sabido, segundo a Enciclopédia Cristã Mundial, que em 1998 mais de 156 mil cristãos foram martirizados no mundo. Aproximadamente 164 mil cristãos morreram por perseguição em 1999, quase 170 mil foram martirizados em 2000 e as projeções para 2010 foram e 240 mil. Com base no Interpretação Anual do Megacenso Cristão, David B. Barret e Todd M. Johnson, sabe-se que morreram mais de 70 milhões de cristãos perseguidos ao longo da História da Igreja – contando desde Estêvão, o primeiro mártir. Estima-se, ainda, que algo entorno de 550 cristãos perseguidos são assassinados por sua fé diariamente – 23 martírios por hora, ou melhor: uma morte a cada três minutos. Fonte: Loucos por Jesus, Lúcio Barreto Jr., Edit. Central Gospel, Volume 1,  ano 2012, pg 13.
Com exceção de nações ocidentais influenciadas pelo comunismo, não existe grau verificável –ou considerável- de perseguição a nenhuma forma de culto – até mesmo porque as leis nacionais impedem esse tipo de comportamento. É lógico que qualquer religião que chega a um país estranho será, inicialmente, tida com desconfiança, é lógico que os costumes religiosos incomuns aos povos locais causarão estranheza e é lógico que uma religião pequena, ao querer impor sua vontade, será repelida – mas isso é assunto para outra conversa. O que nos interessa de momento é analisar o nível superior de liberdade que o cristianismo insere nas nações que foram fundadas com base nele ou naquelas que veio a influenciar com o tempo.
Não quero desenvolver um texto muito longo, por isso vou direto ao ponto que analisa o nível de liberdade civil nos países da atualidade, começando pelos que estão no topo da lista da Freedom House, sendo aqueles aonde maior liberdade há (as porcentagens referem-se ao número de cristãos):
Austrália (66% de cristãos), Áustria (78,3% de cristãos), Estados Unidos (79%), Canadá (66%), Costa Rica (92%), Bélgica (100%), Chile (100%), Dinamarca (98%), França (90%), Finlândia (86%), Alemanha (68%), Grã-Bretanha (71,6%), Irlanda (93%), Islândia (93%), Noruega (90,1%), Portugal (98%), Espanha (94%), Suíça (78,9%), Suécia (87%), Itália (90%) e Nova Zelândia (79,5%).
Na mesma lista encontramos uma tendência nas últimas posições, ou seja, nos países onde há menos liberdade civil: há pouquíssimos cristãos! - mas, claro, há algumas exceções. Há perseguição ao modelo de vida dos seguidores de Cristo – o cristianismo floresce na liberdade e desenvolve a liberdade onde floresce. Vejamos a lista:
Argélia (1% de cristãos), Azerbaijão (4,8%), Butão (0%), Birmânia (4%), Camboja (0%), China (4%), Egito (10%), Irã (1%), Iraque (3%), Líbia (3%), Coréia do Norte (0%), Paquistão (1%), Qatar (1%), Rússia (15%), Arábia Saudita (0%), Somália (0%), Sudão (5%), Síria (10%), Emirados Árabes Unidos (2%), Vietnã (7,2%) e Zimbábue (25%). Fonte: Uma História Politicamente Incorreta da Bíblia, Robert J. Hutchinson, pg 213.

                      A questão do governo no Antigo Testamento:
                Deuteronômio 6:4 é categórico: não há senhor além de Deus. Esse princípio permeou –pelo menos em parte- a vida política desde a Antiga Israel até tempos mais recentes, de modo que nenhum ser humano está no direito de declara-se onipotente e dispor das pessoas da forma como desejar. Há quase três mil anos, a Torá já levantava uma questão sobre poder estatal que tornou-se revolucionária através dos esforços mais recentes de John Locke e James Madison: o excesso de poder do Estado é negativo e até mesmo os líderes políticos devem se submeter a algum tipo de autoridade, sendo, no caso israelita, a Lei. Ao que parece, a Israel primordial era uma teocracia semidemocrática, de modo que se curvava a Lei e cada tribo, segundo os apontamentos do povo, elegia um juiz para sua administração (Deuteronômio 1:13). Vale lembrar que todo o povo tinha direito de eleger os juízes, não somente os nobres, como se lê em Êxodo 18:21-22.
                Quando Israel preferiu a monarquia ao governo dos juízes, tanto Deus quanto o juiz Samuel alertaram sobre os perigos dessa decisão – 1 Samuel 8:7, 11 e 14-17. Um período de guerras, ganância e corrupção corroeu a nação israelita. Depois do período monárquico, que sucumbiu diante das dominações da Assíria e Babilônia e o Exílio, o que sobrou de Israel tornou-se fiel ao Sumo-Sacerdote – isso até a dominação da parte dos romanos.

                 A questão do governo no Novo Testamento:
             No Novo Testamento temos uma mudança de cenário em relação ao poder político: aquilo que anteriormente se tinha por Reino de Deus, algo mais político e palpável, agora tornava-se uma nação espiritual, multiétnica, multicultural e universal, capaz de alastrar-se pelo mundo sob todo o tipo de regime político instalado – ou seja: não era uma proposta muito política, mas, sim, moral e espiritual. É possível ser cristão em qualquer sistema político – mesmo sob perseguição. O cristianismo, portanto, não é um sistema religioso erigido por uma cultura específica para sustentar e divulgar a cultura e as tradições locais, mas apenas para sustentar um padrão moral exigente e uma mensagem de salvação, de modo que ele se torna extremamente flexível e mutável, permanecendo íntegro enquanto sua mensagem central não for prejudicada – vale lembrar que as principais tradições cristãs não foram herdadas do judaísmo, mas do próprio Fundador, como o Batismo e a Santa Ceia. Nós podemos perceber esse caráter passivo nos seguintes textos neotestamentários: Mateus 22:21, Lucas 20:25 e Marcos 12:17. É claro que isso não significa que os cristãos, orientados a buscar justiça, não devam envolver-se em política.
                Os escritos de Paulo também evidenciam a proposta cristã de ser uma revolução antes espiritual do que política – ele não incentivava rebeliões contra os governos. Paulo dizia-se cidadão romano e se orgulhava disso, estimulando a submissão civil ao Estado –Romanos 13:1-2. Esse aspecto revolucionário do cristianismo, que não serve para sustentar nacionalismos, tornou-o um fenômeno nos primeiros séculos, de modo que grande parte dos povos mediterrâneos simpatizavam com os cristãos, o que levou Constantino a perceber que os seguidores de Cristo, se incentivados, poderiam unir politicamente um Império em decadência e desordem – e essa aquisição de poder político é que levou a Igreja a ter de lidar com a questão dos abusos de poder.

            Durante a Idade Média:
Durante a Idade Média, quando o cristianismo tornou-se a maior religião da Europa Ocidental, os líderes cristãos engajaram-se numa nova luta política: o que fazer com os reinos europeus que queriam tomar a Igreja e utilizá-la como sustento para seu poder? A Guerra das Investiduras, no século XI, levantou, mais do que nunca, essa questão, evidenciando o conflito presente entre as autoridades políticas e eclesiásticas. A Igreja, então, desenvolveu uma teoria, com base bíblica, que veio a limitar o poder governamental – a Igreja queria o direito de eleger seus próprios líderes eclesiásticos, enquanto o Estado, Sacro Império Romano, reivindicava os direitos sobre os líderes religiosos, de modo que controlaria os grandes latifúndios da Igreja. A redução do poder secular ficou mais evidente durante o papado de Gregório VII – definiram-se princípios de conduta que legitimariam e limitariam os poderes seculares. Manegold de Lautenbach (1030-1106), disse:
                “Homem algum pode fazer-se rei ou imperador. O povo alça um homem sobre si dessa maneira para que ele possa governá-los de acordo com a razão correta, dando a cada um o que lhe cabe, protegendo o bem, destruindo o iníquo e administrando a justiça entre os homens. Mas se ele viola o contrato sob o qual foi o eleito, atrapalhando e confundindo aquilo que ele devia ordenar, então o povo está justa e racionalmente liberado da obrigação de obedecê-lo. Isso porque ele foi o primeiro a romper com a fé que o unia a esse povo.”
                Um dos pensamentos mais influentes de Manegold é a ideia de que o governo de um homem não lhe é direito divino, portanto, o mesmo também está sujeito às regras que impõe ao povo. Tal posicionamento, tão central na democracia de nossos dias, era algo novo e revolucionário para os dias de Manegold – o rei governa para o povo, não é o povo que existe para o rei. Esse mesmo posicionamento ficou estabelecido na memorável Magna Carta Libertatum – O Grande Alvará de Liberdades -, adotado em 1205 e fundamental para o desenvolvimento da common law britânica e a Constituição norte-americana. Algo interessante sobre esse documento medieval é o modo como ele assegura a liberdade religiosa:
                “Primeiramente, concedemos, por Deus, o que é confirmado por este presente Alvará, para nós e nossos herdeiros, para sempre, que a Igreja da Inglaterra seja livre e possua todos os direitos e liberdades invioláveis. Também concedemos a todos os homens livres de nossos domínios, para nós e nossos herdeiros, para sempre, essas liberdades subscritas”.
                Havia uma lei, mas certamente alguns líderes se amotinariam contra ela, reduzindo a liberdade civil. O que fazer? Longe de um comportamento passivo, o bispo inglês John of Salisbury (1115-1180), em seu livro Policraticus, insistiu que a resistência a governos tirânicos era não somente permitida, mas, sim, um compromisso civil. Esse posicionamento foi reforçado por diversos teólogos, em especial Tomás de Aquino que, por sua vez, abordou sistematicamente o problema da tirania em sua obra Suma Teológica – “todas as pessoas deviam compartilhar, até certa medida, do governo”.
                Minha fonte diz abertamente: “foi na teoria da lei natural cristã, criada na Idade Média e inspirada em lições bíblicas, que puderam ser encontrados os primeiros princípios da liberdade ordenada e autogoverno." Fonte: Uma História Politicamente Incorreta da Bíblia, Robert J. Hutchinson, pgs 204-210.

                Natanael Pedro Castoldi

Leia também:
- A Bíblia e a Ética
- Reforma Protestante: Ciência e Democracia

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